quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lição 17: Modelo básico de uma blusa, de 17 de maio de 1959

Já sabemos desde a primeira lição (postagem!) quais as medidas necessárias para o traçado básico de uma blusa. Vejamos agora como utiliza-las. Notar que se deve dar um mínimo de 6 cm a mais na medida do busto no momento de traçar o molde, a fim de permitir maior facilidade de movimentos ao busto e aos braços.

O molde é sempre traçado pela metade, a não ser nos casos de assimetria do modelo. Dobra-se em seguida o papel pelo meio e cortam-se as duas espessuras obtendo-se o molde inteiro. Isto no caso de não haver costura no meio da peça.
Ilustração de Gil Brandão

·         Frente da blusa – Começar traçando o retângulo ABCD, em que a altura AC é igual ao comprimento da frente da blusa e a largura AB igual à quarta parte da medida do busto = 92 cm + 8 cm de folga = 100 cm. A quarta parte de 100 será 25 cm que será a medida utilizada para a distância AB. Quando se trata de blusa “chemisier” ou dessas blusas modernas bem folgadas, os centímetros de folga elevam-se a 10,15 e até mesmo 20 cm.

Traçado o retângulo, marca-se no ângulo superior esquerdo 7 cm até o ponto E e 7 cm até o ponto I e risca-se o contorno do decote junto ao pescoço. No caso de pescoços finos, a distância AE pode ser reduzida para 6 cm e no de pescoços grossos, aumentada para 8 cm. Em seguida, a partir do ponto E marca-se a distância EF igual à medida do ombro. Do ponto F, descem-se 4 cm e marca-se o ponto M. Liga-se E a M e obtém-se a linha do ombro.

·         Traçado da cava – Já temos o ponto M. Falta determinar o L e o H. Para isso, marque-se o ponto J, 7 cm abaixo do ponto I e marque-se a distância JL, igual à metade da medida chamada “carrure” que é tomada na pessoa, indo a fita métrica de uma dobra da axila à outra ( na sua parte dianteira e não por baixo da axila). O ponto H corresponde nas cavas normais à metade da distância BD. Nas mangas largas, desce-se este ponto quantos centímetros for necessário. Determinados os pontos M, L e H, basta traçar agora o contorno da cava, pronunciando mais a curvatura na parte inferior.

Toma-se então a quarta parte da medida da cintura e marca-se a distância CG. Une-se H a G e obtém-se a costura lateral. Quando se trata de blusa sem manga (a chamada manga de cava), deve-se subir o ponto H de 2 cm a fim de diminuir um pouco a cava, que cobrirá melhor a axila.

·         Costas da blusa – O caminho a seguir é igual ao que foi descrito para a frente com algumas modificações. Para traçar o decote, descem-se apenas 2 cm em vez dos 7 da frente. Deste ponto marca-se para baixo mais 7 cm e determina-se o ponto I, onde começa a distância IL igual à medida da “carrure” das costas (tomada na pessoa, indo a fita métrica de uma dobra da axila a outra, passando sobre as omoplatas). A distância IL é igual, como na frente, à metade da medida da “carrure”. Notar que a curvatura da cava nas costas é muito menos pronunciada que na frente. As mesmas observações feitas para a determinação do ponto H, extremidade inferior da cava, na frente da blusa, são válidas para as costas, O mesmo em relação à cintura.

Observações: Quando se trata de blusas justas, sem mangas, muito decotadas, a medida do busto permanecerá a mesma tomada sobre a pessoa, sem acréscimo dos centímetros de folga.


Na próxima lição (postagem!), mostraremos como se introduz neste molde básico o traçado das pences modeladoras.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Lição 16: Como calcular uma metragem, de 10 de maio de 1959

A primeira preocupação de uma costureira, antes de iniciar a confecção de um vestido, deve ser o conhecimento da metragem esquerda pelo modelo escolhido. Assim, bastando seguir algumas indicações precisas é possível evitar-se um desperdício de dinheiro e de tecido. Vejamos quais são estas indicações:
Ilustração de Gil Brandão
Saia – Para uma saia reta comportando alguns pequenos recortes, é necessário uma altura – comprimento tomado desde a cintura até a barra da saia, mais 2 cm para a costura da cintura e 5 ou 6 cm para a bainha – em um tecido que tenha 1,40 m de largura (lã, por exemplo).

Suponhamos que o comprimento da saia seja de 65 cm. Teremos então: 65 cm de saia + 2 cm de costura + 6 cm de bainha = 73 cm no total.

Se o tecido tem 90 cm de largura (tecidos comuns de algodão ou seda), tome-se o dobro, isto é, no exemplo dado: 73 x 2 = 1,46 m.

Para uma saia em forma, plissada ou pregueada, calcular 3 vezes a medida dos quadris para obter a metragem necessária.

·        Blusa ou casaquinho – Tomar duas alturas num tecido de 90. Esta medida da altura é tomada da costura do ombro (junto ao pescoço, na frente) até a cintura mais 15 cm para a fralda que entra por baixo da saia (no caso da blusa) ou mais a quantidade de centímetros necessária para o comprimento do casaquinho (no caso de “tailleur” ou duas peças).

Exemplo: para o tamanho médio, cerca de 1,80m (com mangas compridas).

·         Vestido – Fazer o mesmo cálculo da saia, mais o da blusa, suprimindo, porém, os 15 cm da fralda. Em geral, para um tamanho médio, são necessários 2,50 m por 1,40 m de largura, cerca de 3,5 a 4 m.

Para os vestidos de verão ou de noite, com saia ampla, duplicar ou triplicar a metragem de acordo com a largura do modelo.

·         “Manteau” – Calcular duas alturas (comprimento total da peça), mais duas alturas da manga (comprimento total do braço do ombro até o punho da manga). Para um “manteau” amplo, tamanho médio, ou um “rendingote”, calcular em geral 3 m por 1,40 m.

·         “Tailleur” – Uma altura de saia em 1,40 m, mais a altura de blusa, à qual se deve acrescentar o comprimento da base prevista para o casaco mais um comprimento de manga (60 cm). Em média, 2,60 m em 1,40m de largura.

Todas estas medidas são válidas para um tamanho 42 ou 44. No caso de recortes, fantasia, bolsos aplicados ou outros detalhes, acrescentar 10 a 15 cm de acordo com a importância deles.


E assim, depois de todos estes rudimentos de corte e costura, vistos nas lições (postagens!) dadas até hoje, daremos na próxima semana o esquema básico do corte de uma blusa.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lição 15: A prova dos vestidos, de 3 de maio de 1959

Continuando com a questão das provas dos vestidos, veremos na lição (postagem!) de hoje, para terminar o assunto, a prova da blusa separada da saia. Quando se trabalha com um manequim, as modificações podem ser marcadas pelo direito, mas quem tiver de experimentar em si própria, terá mais facilidade se trabalhar pelo avesso.

Ilustração de Gil Brandão
Para provar a blusa, marque-se as modificações num dos lados, dispa-se a blusa e acentue-se as novas marcações com alinhavos ou giz. Para corrigir o lado oposto da blusa, proceda-se da seguinte maneira:

1.    Tome-se da blusa, dobre-se a frente no centro, avesso com avesso, ou combine-se as duas peças da blusa, se esta abre na frente.
2.    Pregue-se com alfinetes todas as bordas das costuras do antebraço, de ombros e das cavas, a fim de que um lado se mantenha fixo ao outro.
3.    Acerte-se um lado pelo outro, marcando-se a outra metade de acordo com as alterações feitas e usando carretilha, giz ou lápis, conforme o tecido.

Para experimentar as costas da blusa repita-se este processo. Se houver muitas alterações, convém alinhavar outra vez e repetir a prova. Experimente-se a blusa com o lado direito para fora, com pences, pregas, franzidos e costuras alinhavadas. Se a blusa for aberta na frente, feche-se o centro com alfinetes. Proceda-se da mesma maneira se a abertura for nas costas. Verifique-se com atenção se as marcações feitas no centro da frente e das costas ficam bem no meio do corpo, se combinam umas com as outras e se caem perpendicularmente ao chão.

Um ponto que merece uma atenção toda especial é a linha dos ombros. Este é o ponto nefrálgico da costura de qualquer vestido. Conhece-se uma boa costureira pela linha dos ombros. Uma blusa jamais ficará elegante se os ombros não caírem perfeitamente. Por isso, observe-se cuidadosamente se a costura dos ombros apresenta uma linha reta do pescoço até a omoplata, em tombar nem para a frente, nem para trás, e se a costura do antebraço cai em linha perpendicular ao chão. Se a costura do ombro ou do antebraço se acha muito para a frente ou para trás, acerte-se a costura levemente, tirando da frente ou de trás, conforme o necessário.

As cavas constituem outro ponto que merece especial cuidado. A prova deve ser feita de maneira que a linha de costura da cava fique corretamente colocada, sem apertar ou incomodar, e permitindo que se faça os movimentos do braço com facilidade. Em geral a costura da linha da cava deve coincidir mais ou menos, com o topo do ombro e continuar numa linha quase reta, seguindo a curva natural do braço. Pode-se encurtar a costura do ombro aprofundando a pence do busto e fazendo pequenas pences no centro da gola e das costas, caso seja necessário. A cava deve ser curta para acompanhar a curva da axila. Se tiver ficado apertada, façam-se pequenas incisões na fazenda da costura, tomando-se o cuidado de não cortar demais. Deve-se ter o cuidado de não cortar a cava muito grande, porque nesse caso, a manga fica repuxando e impedindo que se levante o braço com facilidade.

Atualmente as mangas montadas voltaram em grande estilo, mas mesmo assim ainda se usa com freqüência as mangas japonesas ou manga-quimono, que não necessitam de manga requer uma prova cuidadosa, pois deve cair impecavelmente. E isto não é possível sem a utilização do “souflet”, ou seja, do taco, que é um losango, cortado em pleno viés e colocado sob a axila, permitindo o movimento fácil do braço e evitando o acúmulo de fazenda em baixo da axila. Nas mangas japonesas muito curtas, o uso do taco é indispensável.

Depois de corrigida a blusa, acertada a linha dos ombros e das cavas, deve-se examinar se o fio da trama corre paralelo ao chão, como já foi feito em relação aos quadris, assegurando assim a queda perfeita da blusa e da saia. Quando ambas são cortadas enviesadas, é preciso também comparar a inclinação do fio para que haja concordância entre a blusa e a aia. Caso seja necessário acertar a direção do fio, levanta-se o ombro nas costas ou na frente, não esquecendo de ajustar a cava de acordo com a modificação executada.Verifique-se também se as pences estão corretas, pois delas depende o aprumo da blusa na altura elegante não se deforma com os movimentos do busto ou do braço e nem deve ser muito apertada ou muito folgada, permitindo que o tronco se mova com facilidade. Para isso, aumente-se ou diminua-se, sem esquecer de acertar a cava.

A linha do decote deve ser controlada, mas não se torça o corpo para acerta-lo nas costas. Aprenda-se a observar no espelho as modificações que se impõem, avaliando quando é necessário corrigir. Se a linha do pescoço estiver apertada, façam-se pequenas incisões n fazenda da costura, tendo-se o cuidado de não cortar demais. A borda assim picotada poderá ser depois cortada fora.

Nas provas seguintes, estão experimentar-se a o vestido completo, com a cintura e as mangas (se forem montadas em cavas) alinhavadas. Verificar se a costura que prende o corpo do vestido à saia corresponde a linha natural da cintura. Se for necessário, desmanche-se os alinhavos, suspenda-se ou abaixe-se a costura até ficar certa. Observe-se se o cinto não aperta demasiadamente ou se não está frouxo. Não se deve focar a posição. Se houver manga, verifique-se se está bem colocada na cava. Com o braço caído em posição natural, a manga deve cair paralelamente, desde o topo, com o fio perpendicular ao chão. Quando as mangas repuxam para trás, desmanchem-se os alinhavos que as unem às cavas e acerte-as cuidadosamente, até caírem corretamente. Quando a primeira prova é bem feita, em todas as costuras corrigidas com atenção, não se encontrará dificuldades nas provas seguintes e a execução final do vestido correrá sem tropeços.


Na próxima semana (postagem!) daremos alguns conselhos sobre a maneira de calcular as metragens e em seguida entraremos no corte propriamente dito.