segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lição 15: A prova dos vestidos, de 3 de maio de 1959

Continuando com a questão das provas dos vestidos, veremos na lição (postagem!) de hoje, para terminar o assunto, a prova da blusa separada da saia. Quando se trabalha com um manequim, as modificações podem ser marcadas pelo direito, mas quem tiver de experimentar em si própria, terá mais facilidade se trabalhar pelo avesso.

Ilustração de Gil Brandão
Para provar a blusa, marque-se as modificações num dos lados, dispa-se a blusa e acentue-se as novas marcações com alinhavos ou giz. Para corrigir o lado oposto da blusa, proceda-se da seguinte maneira:

1.    Tome-se da blusa, dobre-se a frente no centro, avesso com avesso, ou combine-se as duas peças da blusa, se esta abre na frente.
2.    Pregue-se com alfinetes todas as bordas das costuras do antebraço, de ombros e das cavas, a fim de que um lado se mantenha fixo ao outro.
3.    Acerte-se um lado pelo outro, marcando-se a outra metade de acordo com as alterações feitas e usando carretilha, giz ou lápis, conforme o tecido.

Para experimentar as costas da blusa repita-se este processo. Se houver muitas alterações, convém alinhavar outra vez e repetir a prova. Experimente-se a blusa com o lado direito para fora, com pences, pregas, franzidos e costuras alinhavadas. Se a blusa for aberta na frente, feche-se o centro com alfinetes. Proceda-se da mesma maneira se a abertura for nas costas. Verifique-se com atenção se as marcações feitas no centro da frente e das costas ficam bem no meio do corpo, se combinam umas com as outras e se caem perpendicularmente ao chão.

Um ponto que merece uma atenção toda especial é a linha dos ombros. Este é o ponto nefrálgico da costura de qualquer vestido. Conhece-se uma boa costureira pela linha dos ombros. Uma blusa jamais ficará elegante se os ombros não caírem perfeitamente. Por isso, observe-se cuidadosamente se a costura dos ombros apresenta uma linha reta do pescoço até a omoplata, em tombar nem para a frente, nem para trás, e se a costura do antebraço cai em linha perpendicular ao chão. Se a costura do ombro ou do antebraço se acha muito para a frente ou para trás, acerte-se a costura levemente, tirando da frente ou de trás, conforme o necessário.

As cavas constituem outro ponto que merece especial cuidado. A prova deve ser feita de maneira que a linha de costura da cava fique corretamente colocada, sem apertar ou incomodar, e permitindo que se faça os movimentos do braço com facilidade. Em geral a costura da linha da cava deve coincidir mais ou menos, com o topo do ombro e continuar numa linha quase reta, seguindo a curva natural do braço. Pode-se encurtar a costura do ombro aprofundando a pence do busto e fazendo pequenas pences no centro da gola e das costas, caso seja necessário. A cava deve ser curta para acompanhar a curva da axila. Se tiver ficado apertada, façam-se pequenas incisões na fazenda da costura, tomando-se o cuidado de não cortar demais. Deve-se ter o cuidado de não cortar a cava muito grande, porque nesse caso, a manga fica repuxando e impedindo que se levante o braço com facilidade.

Atualmente as mangas montadas voltaram em grande estilo, mas mesmo assim ainda se usa com freqüência as mangas japonesas ou manga-quimono, que não necessitam de manga requer uma prova cuidadosa, pois deve cair impecavelmente. E isto não é possível sem a utilização do “souflet”, ou seja, do taco, que é um losango, cortado em pleno viés e colocado sob a axila, permitindo o movimento fácil do braço e evitando o acúmulo de fazenda em baixo da axila. Nas mangas japonesas muito curtas, o uso do taco é indispensável.

Depois de corrigida a blusa, acertada a linha dos ombros e das cavas, deve-se examinar se o fio da trama corre paralelo ao chão, como já foi feito em relação aos quadris, assegurando assim a queda perfeita da blusa e da saia. Quando ambas são cortadas enviesadas, é preciso também comparar a inclinação do fio para que haja concordância entre a blusa e a aia. Caso seja necessário acertar a direção do fio, levanta-se o ombro nas costas ou na frente, não esquecendo de ajustar a cava de acordo com a modificação executada.Verifique-se também se as pences estão corretas, pois delas depende o aprumo da blusa na altura elegante não se deforma com os movimentos do busto ou do braço e nem deve ser muito apertada ou muito folgada, permitindo que o tronco se mova com facilidade. Para isso, aumente-se ou diminua-se, sem esquecer de acertar a cava.

A linha do decote deve ser controlada, mas não se torça o corpo para acerta-lo nas costas. Aprenda-se a observar no espelho as modificações que se impõem, avaliando quando é necessário corrigir. Se a linha do pescoço estiver apertada, façam-se pequenas incisões n fazenda da costura, tendo-se o cuidado de não cortar demais. A borda assim picotada poderá ser depois cortada fora.

Nas provas seguintes, estão experimentar-se a o vestido completo, com a cintura e as mangas (se forem montadas em cavas) alinhavadas. Verificar se a costura que prende o corpo do vestido à saia corresponde a linha natural da cintura. Se for necessário, desmanche-se os alinhavos, suspenda-se ou abaixe-se a costura até ficar certa. Observe-se se o cinto não aperta demasiadamente ou se não está frouxo. Não se deve focar a posição. Se houver manga, verifique-se se está bem colocada na cava. Com o braço caído em posição natural, a manga deve cair paralelamente, desde o topo, com o fio perpendicular ao chão. Quando as mangas repuxam para trás, desmanchem-se os alinhavos que as unem às cavas e acerte-as cuidadosamente, até caírem corretamente. Quando a primeira prova é bem feita, em todas as costuras corrigidas com atenção, não se encontrará dificuldades nas provas seguintes e a execução final do vestido correrá sem tropeços.


Na próxima semana (postagem!) daremos alguns conselhos sobre a maneira de calcular as metragens e em seguida entraremos no corte propriamente dito.

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