O conhecimento do tecido com o qual se vai
trabalhar é de muita importância para se evitar surpresas desagradáveis durante
a confecção de um vestido. Quando você, querida leitora, não souber com
segurança quais as características de um tecido – algodão, raion, linho, seda
ou lã – tome de um retalho da fazenda, lave-o, passe-o a ferro, faça bainhas e
cosa-o.
Numa meia hora de
trabalho consciencioso, ficar-se-á sabendo de muita coisa acerca da reação das
fibras e da firmeza das cores. Tal experiência será muito proveitosa para
impedir que os tecidos sejam demasiadamente manuseados na preparação de um
vestido.
Muitas vezes,
ouve-se um alfaiate dizer que é “fácil lidar com esta fazenda”. Isto significa
que o tecido pode ser cosido e passado com facilidade. As fazendas finas e que
amassam muito são as mais difíceis de lidar.
Assim, para impedir
que estas fazendas leves e flexíveis, como o jérsei, o “chiffon”, a gaza, a
“mousseline”, fiquem repuxadas quando costuradas, coloque-se um pedaço de papel
como proteção e faça-se a costura por cima. Terminada esta, basta rasgar o
papel.
Quando se trabalha
com o veludo, não se deve esquecer de cortar todas as peças do vestido no mesmo
sentido, a fim de que o reflexo seja sempre igual, evitando-se alterações de
tonalidade e impedindo que o vestido pareça costurado com remendos. O veludo,
por outro lado, não pode ser passado diretamente a ferro. Este deve estar bem
quente, mas não deve tocar o tecido, apoiando-se apenas sobre ele.
Aproximada-se o ferro até tocar os pelos de veludo, mas não se pode deixa-lo
descansar sobre o tecido.
Nos demais tecidos,
as costuras são abertas pelo avesso, com o ferro também muito quente e sem
apóia-lo com demasiada força.
·
Fio, urdidura e trama dos tecidos
Para que um vestido tenha uma queda
perfeita, é preciso que seja ele todo cortado segundo o mesmo fio da fazenda.
Para melhor compreensão do assunto, esclarecemos que, em todas as fazendas,
tece-se primeiro a urdidura que forma o comprimento, e depois a trama que forma
a largura (figura 1).
Em qualquer pedaço de tecido, deve-se
saber qual a urdidura e qual a trama, para que as peças do vestido sejam
cortadas segundo uma ou outra.
Há certas fazendas, nas quais não se
pode cortar uma saia justa no sentido da trama – ou seja, na largura – porque
deforma facilmente, embora a saia larga possa ser cortada neste sentido, o que
traz freqüentemente economia de tecidos e costuras. Para formar o viés,
dobra-se a fazenda em ângulos de 45 graus, de forma que a urdidura fique na
mesma direção da trama (figura 2).
Diz-se que uma fazenda está
corretamente cortada segundo o fio quando a trama, a urdidura ou os vieses
estão na posição correta em todas as partes do trabalho em execução. Os
alfaiates molham o tecido para encolher, e o deixam secar para depois prende-lo
à mesa, de modo que possam cortar cada peça exatamente no fio que convém. E é
por isso que os trajes dos bons alfaiates conservam a forma e caem tão bem.
·
Preparo da costura
Quando se tiver de costurar dois
pedaços de tecido, deitar ambos sobre uma superfície lisa. Ajusta-los em
seguida, mais no sentido da largura do tecido do que no do comprimento, para
evitar que estiquem. Empregar alfinetes em profusão, colocando-os atravessados
na costura. Não forçar a fazenda. Deve-se cosê-la naturalmente, em linha reta,
de modo que os dois pedaços pareçam formar um só. Como regra geral, procurar
manter o trabalho o mais possível sobre a mesa. Todas as costuras devem ser preparadas
numa superfície lisa, antes de alinhavadas. O perfeito ajustamento das costuras
é indispensável para o bom acabamento de qualquer peça do vestuário.
Quando se costura um pedaço da fazenda
enviesado com outro a fio reto – como acontece frequentemente nas saias, mangas
e godês – colocar na mesa o tecido enviesado sobre o reto, prendendo-os com
alfinetes. Em seguida, alinhavar cuidadosamente – ainda em cima da mesa – de
modo a não formar rugas e também sem embeber ou esticar a parte enviesada.
Quando a costura estiver pronta, passada e com os alinhavos removidos, a junção
deve ficar tão perfeita, como se os dois pedaços tivessem sido cortados no
mesmo sentido.
·
Emenda de vieses
Ao emendar-se vieses, ter o cuidado de
colocar os diversos pedaços no mesmo sentido, seja no comprimento, na largura
ou em diagonal (figura 3). É preciso cortar os vieses corretamente e emendá-los
muito bem, do contrário, por mais passados e acertados que tenham sido, nunca
poderão ficar perfeitos. Notar que as emendas dos vieses ficam sempre na
direção do fio, o que traz melhor acabamento (figura 4).
Na próxima semana (postagem!),
falaremos sobre os pontos de costura à mão, indispensáveis ao acabamento de
qualquer vestuário.
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