terça-feira, 21 de maio de 2013

Lição 07: Características dos tecidos, de 8 de março de 1959

O conhecimento do tecido com o qual se vai trabalhar é de muita importância para se evitar surpresas desagradáveis durante a confecção de um vestido. Quando você, querida leitora, não souber com segurança quais as características de um tecido – algodão, raion, linho, seda ou lã – tome de um retalho da fazenda, lave-o, passe-o a ferro, faça bainhas e cosa-o.

Numa meia hora de trabalho consciencioso, ficar-se-á sabendo de muita coisa acerca da reação das fibras e da firmeza das cores. Tal experiência será muito proveitosa para impedir que os tecidos sejam demasiadamente manuseados na preparação de um vestido.

Muitas vezes, ouve-se um alfaiate dizer que é “fácil lidar com esta fazenda”. Isto significa que o tecido pode ser cosido e passado com facilidade. As fazendas finas e que amassam muito são as mais difíceis de lidar.

Assim, para impedir que estas fazendas leves e flexíveis, como o jérsei, o “chiffon”, a gaza, a “mousseline”, fiquem repuxadas quando costuradas, coloque-se um pedaço de papel como proteção e faça-se a costura por cima. Terminada esta, basta rasgar o papel.

Quando se trabalha com o veludo, não se deve esquecer de cortar todas as peças do vestido no mesmo sentido, a fim de que o reflexo seja sempre igual, evitando-se alterações de tonalidade e impedindo que o vestido pareça costurado com remendos. O veludo, por outro lado, não pode ser passado diretamente a ferro. Este deve estar bem quente, mas não deve tocar o tecido, apoiando-se apenas sobre ele. Aproximada-se o ferro até tocar os pelos de veludo, mas não se pode deixa-lo descansar sobre o tecido.

Nos demais tecidos, as costuras são abertas pelo avesso, com o ferro também muito quente e sem apóia-lo com demasiada força.

·         Fio, urdidura e trama dos tecidos
Para que um vestido tenha uma queda perfeita, é preciso que seja ele todo cortado segundo o mesmo fio da fazenda. Para melhor compreensão do assunto, esclarecemos que, em todas as fazendas, tece-se primeiro a urdidura que forma o comprimento, e depois a trama que forma a largura (figura 1).
Em qualquer pedaço de tecido, deve-se saber qual a urdidura e qual a trama, para que as peças do vestido sejam cortadas segundo uma ou outra.

Há certas fazendas, nas quais não se pode cortar uma saia justa no sentido da trama – ou seja, na largura – porque deforma facilmente, embora a saia larga possa ser cortada neste sentido, o que traz freqüentemente economia de tecidos e costuras. Para formar o viés, dobra-se a fazenda em ângulos de 45 graus, de forma que a urdidura fique na mesma direção da trama (figura 2).

Diz-se que uma fazenda está corretamente cortada segundo o fio quando a trama, a urdidura ou os vieses estão na posição correta em todas as partes do trabalho em execução. Os alfaiates molham o tecido para encolher, e o deixam secar para depois prende-lo à mesa, de modo que possam cortar cada peça exatamente no fio que convém. E é por isso que os trajes dos bons alfaiates conservam a forma e caem tão bem.

·         Preparo da costura
Quando se tiver de costurar dois pedaços de tecido, deitar ambos sobre uma superfície lisa. Ajusta-los em seguida, mais no sentido da largura do tecido do que no do comprimento, para evitar que estiquem. Empregar alfinetes em profusão, colocando-os atravessados na costura. Não forçar a fazenda. Deve-se cosê-la naturalmente, em linha reta, de modo que os dois pedaços pareçam formar um só. Como regra geral, procurar manter o trabalho o mais possível sobre a mesa. Todas as costuras devem ser preparadas numa superfície lisa, antes de alinhavadas. O perfeito ajustamento das costuras é indispensável para o bom acabamento de qualquer peça do vestuário.

Quando se costura um pedaço da fazenda enviesado com outro a fio reto – como acontece frequentemente nas saias, mangas e godês – colocar na mesa o tecido enviesado sobre o reto, prendendo-os com alfinetes. Em seguida, alinhavar cuidadosamente – ainda em cima da mesa – de modo a não formar rugas e também sem embeber ou esticar a parte enviesada. Quando a costura estiver pronta, passada e com os alinhavos removidos, a junção deve ficar tão perfeita, como se os dois pedaços tivessem sido cortados no mesmo sentido.

·         Emenda de vieses
Ao emendar-se vieses, ter o cuidado de colocar os diversos pedaços no mesmo sentido, seja no comprimento, na largura ou em diagonal (figura 3). É preciso cortar os vieses corretamente e emendá-los muito bem, do contrário, por mais passados e acertados que tenham sido, nunca poderão ficar perfeitos. Notar que as emendas dos vieses ficam sempre na direção do fio, o que traz melhor acabamento (figura 4).

Na próxima semana (postagem!), falaremos sobre os pontos de costura à mão, indispensáveis ao acabamento de qualquer vestuário.

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